para ouvir: caetano, oração ao tempo.
estou obcecada por séries, filmes e livros sobre pessoas velhas. eu não vou usar aqui o termo pessoa idosa porque não tem a poética que eu quero dar à minha velhice.
sim, quero uma velhice poética e caótica. quero ser sábia, desbocada e meio filha da puta. quero tirar a roupa na rua. os filtros sociais que se lasquem. ¡que se jodan!
não quero envelhecer doente.
quero a vibe maconheira de frankie, amigos que sejam uma mistura entre colcha de retalhos, lucky e desculpas pelo incômodo, a elegância, os óculos e a capacidade de xingar de manuel em nada e um lugar fabuloso pra morrer como em as invasões bárbaras. já o amor pra envelhecer tem que ser um pouco mais indo dormir assim e acordando nesse humor.
eu cheguei aos 42 anos e percebi que metade da vida eu já vivi, então comecei a pensar em como eu queria viver a outra metade, essa que vai me levar para a velhice.
comecei a observar os velhos ao meu redor, comecei a perceber como estão retratados nas novelas, na literatura, como são as senhorinhas do prédio, como envelheceram as pessoas que até outro dia tinham 42 anos. eu sempre me surpreendo quando vejo uma atriz ou um ator que foram ídolos desejados envelhecendo. até nossa memória é etarista pra caralho. com velho, nossa expressão é sempre primeiro um “nossa!". depois vem o resto. me incomoda muito quando se pensa nas pessoas velhas sempre com o verbo no passado. e a gente faz.
em a máquina de fazer espanhóis, o valter hugo mãe conta a história de antonio jorge, que depois de se tornar viúvo, vai viver num lar de idosos. passam por ele - e por todos os moradores ali - o tédio, a tragédia, resignação, o humor e o acúmulo de histórias. bonito livro. triste história. já em o amor nos tempos do cólera, gabriel garcía marquez deixa florentino e fermina esperando 51 anos pra terem que, ainda assim, encontrar uma saída mágica pra ficarem juntos. o fim só no fim.
ainda corto franjinha vegana, sou millennial e não sei como vai ser, de fato, minha velhice. não sei se vou chegar nela. mas assim como faço planos para o dia em que ganhar na mega-sena, faço também os planos para a velha que eu quero ser. e aceito referências, pois esse é um romance de formação.
⚠️ disclaimer: me deixa saber se tu pensa nisso também?
eu volto.
um beijo,
catita :)
amei, amo a vibe maconheira da Frankie. se essa ainda á uma construção recomendo passar dias/temporadas em Montevideu. Sempre ficava nessas de etarismo até morar na capital uruguaya e aprender com eles como é lindo el paso del tiempo. De que adiantaria nossa vida se a gente não ficasse velha? beijo!
Eu amei! Adoro esse olhar de ter vida pra se viver na velhice, e é algo que espero levar comigo até chegar lá. Também acho que a velhice deve trazer consigo um quê de liberdade, de não ter tantas amarras e falar ¡que se jodan! pros filtros sociais. Amei o texto <3