inspirada pela
e seus valekers, criei esse ano o meu próprio prêmio catita de melhores do ano. aqui, no caso, não rolou votação, é uma lista individual, com minhas escolhas e recomendações. inclusive, critérios não discutíveis. de livros a pessoas, passando por filmes, cafés, discos e, claro, melhor compra na shopee. essa lista é um exercício pessoal e, pra mim, divertido.não quero saber o que você acha da minha lista, não. mas vou amar saber quais são os seus favoritos também pra, quem sabe, colocá-los na minha lista de desejos em 2025.
vamos?
melhor livro de ficção
primeiro eu daria pra rosa montero e o perigo de estar lúcida o título da categoria. não dá pra passar imune (ou impune) pelas suas obsessões e o tanto de loucura que a gente precisa pra entender que a lucidez não dá pé. depois eu ia dizer que meu melhor livro de ficção de 2024 era intermezzo, da sally rooney, mas aí chegou miranda july com de quatro e empatou o jogo. enquanto sally escreve com maestria sobre personagens medíocres vivendo vidas limitadas, miranda — com quem eu nunca tinha conseguido avançar — trouxe personagens com vidas atropeladas por tantas camadas que é impossível alcançar toda a sua subjetividade. quando parece que ela vai mergulhar num soft porn de uma mulher de 45 anos em crise, ela desce um tratado sobre individualidade, perda e encontro de si, libido, a injustiça hormonal que dá vantagem aos homens, as famílias modernas (ou nem tanto), as profissões modernas (ou nem tanto), os desejos (ah, os desejos) e arrebata a gente. o corpo, os corpos, o tudo. é um livro selvagem e, aos 45 do segundo tempo, entrou nos meus melhores de 2024. sim, essa categoria tem três vencedoras. e se eu não mandar essa news hoje mesmo, ela corre o risco de ter um empate quádruplo.
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melhor livro de não-ficção
meu melhor livro de não-ficção de 2024 foi a crise da narração, do byung-chul han. não que ele traga ideias inéditas pra quem já leu praticamente todas as suas obras em português. mas o que faz desse livro uma pancada é a forma crua com que ele expõe o que a gente já sente, mas nem sempre consegue nomear. ele não floreia: entrega a saturação do nosso tempo, o esvaziamento mental e filosófico, o estar digital constante. han faz perguntas duras que não responde, mas joga no nosso colo - e o pior é que fazem sentido. depois disso, fica difícil ser otimista. o gosto amargo que ele deixa na boca é persistente. não tem volta. não tem surpresa ele ser meu favorito do ano também, eu sei. e talvez ano que vem isso se repita.
melhor newsletter
a autora de uma das newsletters que eu mais gosto não é simpática, fofa ou engraçadinha. pelo contrário, é meio blasé e algo presunçosa, mas escreve maravilhosamente bem (e não tem falsa modéstia porque sabe disso). faz resenhas e críticas de livros, mesmo daqueles sobre os quais “todo mundo” já falou, na contramão das discussões comuns a eles, cruza com ótimas referências de cinema, música e literatura e suas próprias vivências e entendimento de mundo. olha pra tudo com profundidade, enquanto escuta, canta e é fã de taylor swift. e todas as recomendações de livros que ela fez e eu segui foram certeiras. millennial, hipster, santa cecilier, cheia de clichês, mas entrega ouro puro e muitos bons lookinhos nos espelhos de cinema são paulo afora. é da
meu prêmio de melhor newsletter de 2024.melhor podcast
meu prêmio de melhor podcast de 2024 deu empate triplo. tinha tudo pra ser o 451MHz sozinho — que segue sendo o melhor espaço de conversa sobre livros — mas não deu. o michel alcoforado trouxe mais uma temporada impecável de é tudo culpa da cultura, com aquele olhar antropológico que desarma e provoca. o tema da vez foi sexo, e ele foi fundo nas camadas que a gente não costuma encarar. e, na reta final do ano, o instituto tomie ohtake, junto com o acervo da laje (salvador), lançou a parte pelo todo, narrado pelo professor josé eduardo ferreira santos. esse último é uma obra-prima de sensibilidade e respeito pelas memórias. com 6 episódios, fala de arte, memória e território de um jeito que emociona. e emocionou — em todas as vezes. três podcasts muito diferentes, mas cada um deles me pegou de um jeito que não deu pra escolher só um.
melhor café
o coffee lab é, sem dúvida, minha cafeteria favorita em são paulo. eu circulo por várias, uso-as como coffee office — adicta que chama —, mas em nenhum lugar me sinto tão à vontade quanto lá, na “minha” mesona carambola. é onde eu trabalho, faço reuniões, provo novidades, entro em conversas rápidas e aleatórias que viram boas histórias, algumas com pessoas que já viraram amigas, outras com quem nunca mais vi. e onde dou até pitaco no cardápio. mas, acima de tudo, é onde bebo os melhores cafés desse país, disparado. e se for pra nomear, aquele lote especial do joselino meneguete que saiu em novembro e esgotou em dois palitos, foi o melhor café do ano. um abraço quentinho e docinho. te amo, coffee lab.
melhor disco
CAJU, da liniker, é o melhor disco do ano e não tem discussão. é o disco de amor próprio mais bonito da vida, com letras que vão fundo em tudo que a gente sente, mas nem sempre consegue dizer. cada faixa é uma entrega total — da voz apaixonada da liniker à brasilidade que atravessa o nome, as cores e a própria existência dela como artista. caju não é só um álbum, é um abraço em quem precisa de mais amor num mundo que, honestamente, anda precisando muito. é sobre paixão, afeto, desejo e cura, tudo embalado pela potência de uma das maiores vozes da nossa geração. se era o momento perfeito pra receber doses extras de amor, liniker entendeu antes de todo mundo. e entregou. belo de ouvir, belo de sentir.
melhor filme
melhor filme do ano? impossível escolher um só. dias perfeitos, do wim wenders, e vidas passadas, da celine song, dividem o pódio. o primeiro, pelo silêncio que ensina a contemplar, pelas personagens que falam tudo sem precisar dizer absolutamente nada, pelos banheiros incríveis (sim, eles importam), pela trilha impecável e pela atuação magistral de kõji yakusho. já vidas passadas é o amor que fica, mesmo sem acontecer. é sobre o que não foi e, por isso, é tão bonito. não há tentativa de retorno, porque não precisa. ele permanece, marca, mas abre espaço pra outros amores possíveis. não dá pra competir entre eles. não se abandona um ou outro. eles coexistem. materiais ou não, coexistem.
crush do ano
rashida jones é a minha crush de 2024 e eu posso provar. não é só porque ela é linda e cool (o que já seria suficiente), mas porque ela faz muito. e faz bem. atriz, roteirista, produtora, diretora — ela transita por tudo com uma consciência rara. o talento dela não tem aresta: é afiada, precisa e sensível, tudo ao mesmo tempo. e se isso já não bastasse, rashida tem um olhar atento pro mundo, pras conversas importantes, pros movimentos que importam. cada projeto dela vem com essa marca: inteligência e intenção. não é só entretenimento, é entrega. por isso, se existe alguém que merece esse (meu) título em 2024, é ela. e eu não aceito contestação.
melhor @
@patroamesmo, a lívia teodoro, é a melhor @ do ano e eu falo isso com a admiração de uma amiga que a vê voando cada vez mais alto e o orgulho de quem foi sua mentora. mulher negra, mãe, lgbtqiap+, historiadora e comunicadora — e o mais bonito é o que ela faz com tudo isso. a lívia transforma histórias em conteúdo que faz a gente rir, pensar e se sentir acolhida. ela junta crítica social e humor com uma precisão que não se ensina. fala de empoderamento, raça, maternidade e ser lgbtqiap+ com uma verdade que não afasta ninguém — pelo contrário, aproxima. quer dizer, afasta gente cuzona, mas com elas ninguém se importa. quem segue, sabe: ela entrega. a melhor @ de 2024 é dela. inclusive, siga.
melhor compra na shopee
esse ano, devo assumir, fui cadelinha da shopee. comprei utensílios domésticos, eletrônicos, pessoais, comprei tênis e até uma câmera fotográfica analógica que, infelizmente, não chegou a tempo de trazê-la para as férias. foi de capinha de celular a maquiagem coreana. aliás, é para dois produtos de make que eu vou dar meu prêmio de melhor compra na shopee. o primeiro é uma máscara de cílios superfina que me dá os olhos mais lindos do mundo, como pode-se ver na foto abaixo. e o segundo, que também aparece na foto, é esse conjunto de lápis e batom mate perfeito, que não transfere por nada e dura - de verdade - o dia inteiro na boca. a cor que uso é a 12.
poderia ainda escolher meus favoritos em tantas outras categorias, mas essa lista aqui é o que eu quero dividir antes que 2024 acabe.
e claro, adoraria saber quais foram os seus.
feliz virada, feliz sonhos novos, feliz ano novo!
nos encontramos daqui a pouco, em 2025.
beijos, cariño
Catita :)
Feliz ano novo, Catita!
Um beijo
pois agora vou ter que me render ao hype e ler esse livro da Miranda July!
um convite: em 2025 me leva pra conhecer o Coffe Lab e fofocar sobre a vida?